segunda-feira, 13 de abril de 2009

A minha vocação

Eu devo ter mesmo vocação para o sofrimento. Eu andei por todas as ruas cabíveis de serem percorridas, e em todas, encontrei somente casas vazias, com portas abertas onde eu, educadamente parada, chamava em vão por alguém. Nunca penetrei no interior de tais residências...Talvez por medo...ou por consciência de tratar-se somente de mim...sim, ou, eu mesma, myself na linguagem hypada de alguns...e assim sendo, não me seria nada agradável o encontro com móveis desgastados e cortinas puídas.
Mostre-me um ser humano que gosta de se observar ferido e ganhe a minha perplexidade e minhas humildes desculpas, até lá, continuarei afirmando que tal homem não existe, nunca existiu e nunca vai existir.
A nossa existência é por essência cega e esta cegueira faz parte da sua condição de existir. Pobres de nós, lançados à esmos num mundo onde o enfrentamento verdadeiro e o não enfrentar-se!
A infelicidade é presente dos Deuses...e assim seguimos felizes por não sermos inteiramente felizes...Paradoxo? Diria apenas FATO!
Pode ser que você não exista mesmo!
E tudo o que vivenciei de forma esquizofrênica seja sintoma da minha própria solidão psicótica. Tenha certeza de que isto seria mais penoso do que acordar cada dia com uma bagagem experiencial diferente...prefirindo frango à carne no sábado e odiando carne branca no domingo. Eu pretendia transformar em arte tudo o que sinto. Mas como extrair beleza da dor? Desta forma, despejo palavras grosseiras num fino gracejo de frases...e não me conformando em ser pouco polida, ainda as publico num espaço que, mesmo escondido, ainda é acessível...
Isto já é uma mudança...e logo eu que temo todas elas qual o vampiro teme a cruz e o padre, a Nietzche!
A verdade de agora é que, agora, me sinto mais solitária do que nunca estive...e te espero numa expectativa frustrante, porque de natureza falaz...Não existe amanhã quando se pensa em nós...a nós, não nos cabe nem o ato de pensar...visto como pecaminoso nos tablóides médicos.
Eu queria mesmo ser louca. Ter minha dose diária de tranquilidade de espírito em forma de bolinhas de diversas cores. Mas, como diria certa conhecida que não cabe mencionar o nome: "nem tudo são flores"
E assim sigo com os espinhos desta minha vocação para ser sófrega... e ando em paços lentos porque já corri demais sem chegar ao pódio...e o caminhar médio destina-se a média...e dela, por Deus, não admito fazer parte.